quinta-feira, 31 de março de 2016
Será apenas coincidência a semelhança entre os argumentos de Collor e Dilma na luta contra o impeachment?
Em 20 de setembro de 1992, apenas nove dias antes de a Câmara dos Deputados aprovar seu afastamento do cargo, o então presidente Fernando Collor de Mello fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na tentativa de se defender das acusações que levaram a ser o primeiro governante eleito do Brasil a sofrer um impeachment. Na maior parte dos 19 minutos de seu discurso, Collor apelou para argumentos muito parecidos aos usados hoje pela presidente Dilma Rousseff e seus aliados para desqualificar o processo de impeachment instaurado atualmente pelo Congresso Nacional.
Collor classificava as denúncias de corrupção envolvendo seu governo como “calúnias, difamações e injustiças”. E seguiu seu roteiro colocando-se como vítima de “profundas injustiças, pré-julgamentos e posturas nitidamente eleitorais”.
Curiosamente, a presidente Dilma usou um script semelhante em cerimônia no Palácio do Planalto no último dia 22, quando se colocou como vítima, assim como Collor. “Condenar alguém por um crime que não praticou é a maior violência que se pode cometer contra qualquer pessoa, é injustiça brutal, é ilegalidade”, disparou a petista, denunciando em seguida um“golpe contra a democracia”. A presidente finalizou com ataques ao juiz Sérgio Moro, a quem acusou de ter se transformado em “militante partidário”.
As acusações que hoje os petistas disparam contra aqueles que defendem o impeachment de Dilma, em especial a oposição, se assemelham às usadas por Collor em 1992, quando ele denunciou que oposição tentava “passar à população versões inverídicas, maledicentes e totalmente inconsistentes para confundir a opinião pública e pôr em dúvida a conduta de seu presidente”.
Do “Sindicato do Golpe” ao grito de “não vai ter golpe”
Em pronunciamento no Planalto, Collor expunha sua repulsa ao que classificava de “Sindicato do Golpe, filiado à Central única dos Conspiradores”, numa alusão aos protestos de rua a favor de seu impeachment capitaneados pelo PT, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e União Nacional dos Estudantes (UNE).
O que ninguém imaginava é que 24 anos depois, o PT, a CUT e UNE estariam do outro lado para condenar o impeachment, já que agora o alvo é uma petista. Esses grupos que pressionavam pela aceleração do processo de afastamento de Collor em 1992, hoje pregam que a ação que está tramitando no Congresso Nacional representa um golpe. O slogan dos aliados de Collor no passado, hoje é ouvido da boca de Dilma: “Não vai ter golpe”.
O balcão de negócios
Assim como Collor em 1992, Dilma agora apela para o balcão de negócios, oferta de cargos e liberação de emendas parlamentares para não ver a debandada de sua própria base aliada e, assim, tentar de salvar do impeachment. A estratégia fracassou no passado. Será que dará certo agora?
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